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6.7 - Sexto Encontro - Rm 8,31-39
6.7 - Sexto Encontro - Rm 8,31-39

 

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1- Oração Inicial: Iniciemos nossa jornada com o coração aberto, reconhecendo a presença viva da Santíssima Trindade entre nós. Que sua luz nos ilumine e sua graça nos fortaleça enquanto mergulhamos neste estudo da Carta aos Romanos.

 

Senhor Deus de amor e misericórdia, obrigado por mais este encontro, no qual vamos procurar entender um pouco mais a vossa Palavra, que nos vem por meio do apóstolo Paulo. Agradecemos vossa presença entre nós, vosso Espírito que continua se derramando em nossos corações e nos ajudando em nossas fraquezas. Ajudai-nos, senhor, a ser novas criaturas, para que possamos dar ao mundo o testemunho de vossa bondade. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém.

 

2- Motivando o encontro de hoje: No encontro passado, refletimos sobre os gemidos da terra, e procuramos renoavar nossa esperança na certeza de que o Espírito de Deus nos conduz na caminhada. No encontro dessa semana, vamos reviver a experiencia do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, que nos impulsiona a assumir a prática do amor ao próximo em nossa vida e  reafirmar nossa vocação cristã: amar sem distinção, acolher sem reservas, defender sem medo. O amor de Deus não é passivo; ele nos impulsiona, nos transforma, nos convoca à justiça. Viver esse amor exige coragem para romper com indiferenças e denunciar opressões. Só renovando, dia após dia, a experiência do amor divino manifestado em Cristo, seremos capazes de construir pontes, curar feridas e dar testemunho autêntico de fé. O desafio está posto. E a resposta? Essa só pode ser o amor.

 

3- Situando o texto de Rm 8, 31-39 que iremos estudar: O povo de Israel recitava o Salmo 118:1-7 em suas celebrações como um ato de gratidão e confiança em Deus, que sempre se manifestou ao longo da história, libertando o povo de toda opressão. Mesmo nos momentos mais sombrios, como a guerra e o exílio na Babilônia—considerado a maior catástrofe nacional, em que o povo foi saqueado e levado como "ovelhas destinadas ao matadouro" (Rm 8,36; Is 53,7; Sl 44,23)—Israel continuou confiando no Senhor, pois sabia que Seu amor permanece e que Ele iria agir para libertá-los: "Ah, Javé, por favor, salva-nos! Ah, Javé, por favor, liberta-nos!" (Sl 118,25).

 

No Novo Testamento, essa mesma confiança no amor de Deus continua viva. Paulo exalta: "Quem nos separará do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus?" (Rm 8,35). A vida, morte e ressurreição de Cristo são a maior expressão da graça divina, do amor gratuito que liberta da injustiça, da violência, da destruição e da morte: "Deus demonstrou seu amor por nós, pois Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores" (Rm 5,8).

 

Jesus Cristo, Filho de Deus, assumiu a condição humana e, por amor e fidelidade à justiça, entregou-se na cruz e foi ressuscitado para a "vida nova". Por meio Dele, aprendemos o caminho do amor, da fraternidade e da paz, em contraste com o caminho do pecado: "Vocês não sabem que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Por meio do batismo na sua morte, fomos sepultados junto com Ele, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova" (Rm 6,3-4).

 

O amor de Cristo crucificado—"escândalo para os judeus, loucura para os gentios" (1 Cor 1,23)—transformou vidas. Paulo, um ex-fariseu e perseguidor dos cristãos, foi batizado em Cristo e assumiu o caminho da liberdade, igualdade e fraternidade (Gl 3,27-28). Ele testemunhou essa transformação ao declarar: "Tudo o que para mim era lucro, agora considero como perda, por amor de Cristo" (Fl 3,7).

 

Nos períodos de perseguição, Paulo enfrentou conflitos com judeus tradicionais e fariseus, sofrendo privações e angústias (cf. 2 Cor 11,1-33). No entanto, o que sustentava sua caminhada era o amor de Cristo: "E já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20).

 

Esse amor gratuito de Cristo foi um pilar para Paulo e para a comunidade cristã em Roma, que sofria por causa da injustiça e desigualdade do império. Ele reafirma que o amor de Cristo é a força que sustenta a fé e transforma vidas: "Agora permanecem a fé, a esperança e o amor, estas três coisas. A maior delas, porém, é o amor" (1 Cor 13,13).

 

4- Comentando o texto de Rm 8,31-39: O capítulo 8 de Romanos, localizado no meio da carta, é um dos trechos mais profundos e inspiradores das Escrituras. Ele se destaca como um verdadeiro hino de amor, resistência, esperança e louvor, transmitindo uma mensagem poderosa sobre a fé inabalável dos seguidores de Cristo. Nesse contexto, Paulo descreve as dificuldades enfrentadas pelos cristãos sob o domínio do Império, ao mesmo tempo em que reafirma a certeza da salvação e o amparo do amor divino. Com uma linguagem poética e vibrante, esse capítulo se apresenta como um cântico triunfante, declarando que nada pode separar os crentes do amor de Deus.

 

Viver no Espírito — no amor e na vida de Jesus Cristo crucificado — exige do cristão uma luta constante contra as forças do mal, representadas por instintos egoístas, pecado e a fragilidade da carne, que tentam sufocar o projeto de Deus (Rm 8,28). Nesse combate espiritual, o cristão sofre e enfrenta as estruturas de exploração e opressão que escravizam os corpos. Como Paulo expressa: "Gememos inteiramente, esperando ansiosos a redenção do nosso corpo" (Rm 8,23).

 

A caminhada no Espírito é marcada pelo sofrimento, pelos gemidos e pela esperança. Já no início do capítulo, Paulo confirma a vitória da "lei do Espírito da vida em Cristo Jesus sobre o pecado e a morte" (Rm 8,1-2). Agora, ele apresenta o hino do amor de Deus — um verdadeiro louvor dos crucificados, que vivem confiantes no amor do Pai e do Filho. Com perguntas retóricas, Paulo exorta as comunidades, reafirmando que nada pode nos separar do amor divino e impedir o cumprimento do projeto de Deus. Por isso, o cristão nada mais tem a temer.

 

A primeira pergunta e resposta introduzem o tema central: "Então o que diremos sobre isso? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Ele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos agraciará em tudo junto com ele?" (Rm 8,31-32). Para revelar o caminho da libertação, Deus enviou seu Filho, que assumiu a condição humana, lutou pela vida, morreu por amor na cruz e foi ressuscitado para a vida nova. O Cristo crucificado é a maior manifestação do amor de Deus pela humanidade (Rm 5,8; cf. Jo 3,16-17; 1Cor 1,17-25; Is 52,12—53,13). Com o amor de Deus manifestado em seu Filho, quem tem a fé ativa em Jesus Cristo nada mais tem a temer.

 

A segunda pergunta e resposta reforçam essa segurança: "Quem acusará os eleitos de Deus? O mesmo Deus que justifica?" (Rm 8,33). Quem tem a fé ativa em Cristo é justificado por Deus, ou seja, está com Ele e não será acusado nem condenado. O Segundo Isaías destaca a missão do Servo fiel: "Ao meu lado está aquele que me defende. Quem vai demandar contra mim? Vamos juntos ao tribunal! Quem abriu um processo contra mim? Que venha me enfrentar! Vejam! O Senhor Javé me auxilia: quem vai me condenar?" (Is 50,8-9). Se o cristão tem ao seu lado o Pai e o Filho, será protegido e salvo.

 

A terceira pergunta e resposta apresentam Cristo como intercessor: "Quem condenará? Cristo Jesus, ele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, que está à direita de Deus e intercede por nós?" (Rm 8,34). Paulo exalta Cristo, que está à direita de Deus como Juiz sobre toda a terra, conforme o Salmo 110,1: "Oráculo de Javé ao meu senhor: 'Sente-se à minha direita, até que eu faça dos seus inimigos um suporte para seus pés'" (Sl 110,1; cf. Ef 1,20; Cl 3,1; Hb 1,3; 1Pd 3,22). Cristo intercede por aqueles que têm fé ativa em seu evangelho, lutando contra as forças do mal. Essa intercessão se realiza por meio do Espírito, que intercede junto a Deus em favor dos santos, os eleitos (Rm 8,27; cf. Hb 7,25).

 

A quarta pergunta e resposta reafirmam a certeza da vitória sobre as adversidades: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Assim está escrito: 'Por tua causa somos postos à morte o dia todo. Somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro'. Mas em todas essas coisas somos bem mais que vencedores, graças àquele que nos amou" (Rm 8,35-37). Através de sua experiência missionária, Paulo apresenta os desafios que os cristãos enfrentam ao viver segundo o evangelho: tribulação, angústia e perseguição nas viagens; fome e nudez na prisão; perigo e espada, como sinal da morte iminente (2Cor 11,22-33). No entanto, o amor de Deus os torna vencedores em todas essas circunstâncias.

 

Anunciar e viver o evangelho de Jesus Cristo inevitavelmente leva ao sofrimento e à morte, assim como ocorreu com o Servo sofredor, vítima de injustiça e exploração—um verdadeiro protótipo de Cristo crucificado: "Oprimido, ele se humilhou, não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro" (Is 53,7). No entanto, quem vive o projeto de Deus nada tem a temer, pois o amor de Deus, revelado em Cristo morto e ressuscitado, triunfa sobre todas as forças injustas e hostis ao plano divino. Os cristãos que mantêm uma fé ativa no evangelho de Jesus Cristo são os vencedores, graças àquele que nos amou.

 

Após uma série de perguntas retóricas, Paulo conclui o canto de louvor dos crucificados, reafirmando a certeza de que o amor do Pai e do Filho permanece inabalável, apesar das forças adversárias: "Pois estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8,38-39).

 

Na conclusão desse hino, Paulo menciona os "principados", forças hostis que se opõem ao plano de Deus. O autor da carta aos Efésios descreve o poder divino sobre essas forças: "Poder que ele [o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo] fez agir em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado, autoridade, poder, soberania e qualquer outro nome que se possa nomear, não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Ele colocou tudo debaixo dos pés de Cristo" (Ef 1,20-22a; cf. 1Pd 3,22).

 

Segundo a concepção do universo na época, a carta aos Efésios descreve o embate contra o mal e o diabo, cuja influência se manifesta nas esferas celestes e na história humana por meio de principados, autoridades e dominadores deste mundo (Ef 6,11-12). Paulo compartilha essa visão ao retratar a luta dos cristãos contra o Império, que tenta sufocar o projeto do Deus de Jesus Cristo, perseguindo e oprimindo seus fiéis. O cristão encontra-se em pleno campo de batalha, gemendo e aguardando a libertação que anuncia o nascimento do mundo novo.

 

Nos gemidos daqueles que vivem o projeto de Deus em meio às forças hostis, Paulo descreve o hino de louvor dos crucificados, exortando os fiéis: Nada poderá nos separar do amor do Pai, presente em Jesus Cristo morto e ressuscitado. Nada poderá impedir o testemunho dos cristãos. Nada poderá impedir a plena realização do projeto divino.

 

Hoje, como ontem, como o cristão pode cantar e viver o hino de louvor dos crucificados de hoje? Como pode cultivar a consciência e manter-se vitorioso diante das forças do mal? "Mas em todas essas coisas somos bem mais que vencedores, graças àquele que nos amou" (Rm 8,37). Pois o amor vence a morte e renova a vida para sempre!

 

5- Iluminando a nossa vida: Os desafios em nossa vida diária são muitos, por isso precisamos desenvolver uma espiritualidade que sustente a nossa caminhada. E preciso acreditar que em Cristo nós já somos vencedores. O projeto do Reino de Deus se realiza à medida que cada pessoa e cada comunidade cristã assumem a prática de Jesus Cristo: o amor, a justiça e a solidariedade.

 

a) Como podemos aplicar a confiança de que "se Deus é por nós, quem será contra nós" em meio aos desafios sociais e políticos atuais?

 

b) Como experimentar e demonstrar o amor de Deus em um mundo marcado por individualismos, sofrimentos, tribulações e adversidades?

 

c) Quais são os "inimigos" contemporâneos da fé cristã que precisamos enfrentar com a certeza do amor de Cristo?

 

 

APROFUNDAMENTO: Assista o vídeo com a visão geral da carta aos Romanos, capítulos 1 a 4, que explica o conceito literário do livro e as suas ideias principais. Na carta aos Romanos, Paulo mostra como Jesus criou a nova família da aliança com Abraão através da sua morte e ressurreição, e através do envio do Espírito Santo.

 

a) Carta aos Romanos Capítulos 1 a 4

 

b) Carta aos Romanos Capitulo 6 a 16