
1- Acolhida: Nesta segunda parte, a realidade social e cultural é analisada a partir de uma perspectiva cristã, apresentando dados, estatísticas e relatos sobre a situação atual relacionada ao tema da campanha. O objetivo é oferecer uma visão ampla e realista da crise socioambiental, destacando os desafios para a sua superação. Além disso, discute-se a importância de uma Ecologia Integral e de uma conversão ecológica, que representa uma mudança profunda na percepção e interação com o meio ambiente, promovendo valores e práticas sustentáveis e respeitosas com a natureza.
3- Hino da Campanha da Fraternidade 2025 : clique aqui
4- Ver/Ouvir a realidade: À luz da fé, podemos contemplar a realidade com os sentimentos de São Francisco de Assis, expressos no Cântico das Criaturas, louvando o Criador pela harmonia da criação. O povo brasileiro reconhece a generosidade de Deus em uma terra fértil e rios abundantes, como o Amazonas e o São Francisco, que nutrem e conectam o país.
Nossa água é abundante, desde cachoeiras até águas minerais com poderes curativos. O litoral encantador e o Oceano Atlântico proporcionam vida e riqueza. A vegetação e fauna brasileiras são ricas em diversidade, com biomas únicos como a Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas, fundamentais para a biodiversidade e o clima.
A diversidade cultural do Brasil é acolhida com fraternidade, enriquecendo nossa cultura por meio da arte, literatura e música. Cada criatura reflete a ternura de Deus, e percebemos a interconexão de tudo na Casa Comum. Contudo, provocamos rupturas na criação, levando à vulnerabilidade e extinção de seres vivos. Somos responsáveis por cuidar da criação, administrando-a dignamente para construir o Reino de Deus e alcançar "um novo ceu e uma nova terra".
4.1 A crise ambiental: A crise socioambiental no mundo e no Brasil é complexa, resultante de fatores históricos, sociais, econômicos e políticos. O modelo de desenvolvimento capitalista, baseado na exploração dos recursos naturais, queima de combustíveis fósseis e consumo desenfreado, contribui para diversos problemas ambientais, como degradação do solo, desmatamento, extrativismo predatório, poluição, escassez de água, perda de biodiversidade e mudanças climáticas.
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Laudate Deum, destaca a relação entre os fenômenos climáticos globais e o aumento das emissões de gases de efeito estufa, resultado da intervenção humana desde o industrialismo capitalista do século XVIII. A temperatura global aumentou 1,1 graus centígrados desde 1850, especialmente nas últimas cinco décadas. Ele aponta a "raiz humana da crise ecológica" devido à intervenção desenfreada na natureza.
No Brasil, o modelo econômico é caracterizado pela:
1) Exploração predatória, prática de utilizar recursos naturais ou humanos de forma excessiva, irresponsável e sem consideração pelos impactos a longo prazo no meio ambiente, na sociedade ou na economia. Esse tipo de exploração geralmente visa o lucro imediato, desconsiderando a sustentabilidade e os direitos das comunidades afetadas. Exemplos de exploração predatória incluem: Desmatamento desenfreado, que destrói ecossistemas inteiros, pesca excessiva que ameaça a biodiversidade marinha; mineração que causa degradação ambiental sem medidas de recuperação; trabalho exploratório que ignora os direitos e a dignidade dos trabalhadores.
2) Concentração de terras e riquezas, resultando em desigualdades e injustiças socioambientais.
3) Agricultura predatória, urbanização desordenada e falta de políticas ambientais.
Tudo isso degradam a natureza, afetando biomas como a Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampa. O Cerrado é especialmente impactado pela perda de vegetação para pastagens e cultivos de soja, eucalipto e pinus, alterando dinâmicas biológicas e climáticas. Conflitos fundiários, invasões de terras indígenas e violência contra ativistas são evidências da crise socioambiental.

4.2 Desafios para a superação da crise: O texto base destaca a crise socioambiental no Brasil, que se agrava com as mudanças climáticas. O aumento das temperaturas, secas e chuvas intensas afetam a agricultura, elevam os preços dos alimentos e ameaçam a população mais pobre. A destruição dos biomas, causada pelo desmatamento, queimadas e agricultura predatória, leva à extinção de espécies.
O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si' e na Exortação Apostólica Laudate Deum, alerta sobre a necessidade de cuidar da Casa Comum e critica o paradigma tecnocrático, que foca em soluções tecnológicas e econômicas sem considerar impactos socioambientais. Religiões diversas, como cristianismo, budismo, judaísmo e islamismo, unem-se em ações ambientais.
Apesar dos dados científicos e alertas religiosos, há negação das mudanças climáticas, dificultando ações concretas. A conscientização ambiental cresce, especialmente entre os jovens. Pequenas ações são importantes para mudanças culturais duradouras. Desequilíbrios ambientais contribuem para a proliferação de doenças e aumento da violência, especialmente na Amazônia.
As políticas públicas no Brasil enfrentam desafios para responder eficientemente à crise socioambiental, deixando comunidades vulneráveis. A necessidade de uma Ecologia Integral e de mudanças nos hábitos de consumo é enfatizada para superar os desequilíbrios e catástrofes ambientais.
4.3- A Importância de uma ecologia integral: O texto enfatiza a importância da Ecologia Integral, que vê o planeta como nossa "Casa Comum" e destaca a interconexão entre todos os elementos da criação. Defende que o ser humano deve atuar como guardião responsável do meio ambiente, unindo preocupações ambientais, sociais e espirituais.
A Ecologia Integral reúne duas visões da Bíblia: uma antropocêntrica, que foca na criação em função da salvação humana, e outra cosmocêntrica, que integra a relação entre o ser humano, a natureza e Deus. Jesus Cristo é visto como referência para essa ecologia na vida de fé.
A visão ecológica do Papa Francisco, presente na Encíclica Laudato Si', promove a importância de cuidar do ambiente, combatendo a pobreza, restaurando a dignidade dos excluídos e protegendo a natureza. Ele destaca a urgência de um "renascimento" e a recuperação do sentido de fraternidade universal.
A Igreja, como agente global, atua para conscientizar sobre o compromisso ambiental, especialmente na Amazônia, onde os desafios impactam comunidades tradicionais e indígenas. A abordagem da Ecologia Integral resgata a opção preferencial pelos pobres e cultiva a paz e a justiça socioambiental.

O "pecado ecológico", descrito no Sínodo da Amazônia, refere-se ao desrespeito ao Criador e à natureza. A Quaresma é vista como um período para refletir e buscar uma conversão integral em relação ao meio ambiente.
O Sínodo especial para a Amazônia enfatiza que a Ecologia Integral é essencial para salvar a região do extrativismo predatório, proteger os defensores da Amazônia e respeitar a soberania territorial dos povos originários e tradicionais.
4.4 - Conversão Ecológica: O texto destaca a importância de lembrar e honrar as lideranças que morreram defendendo as florestas e suas populações, enquanto enfrentam ameaças e violência. Ressalta-se a necessidade de uma conversão ecológica, que implica uma mudança profunda no nosso modo de viver, integrando Deus, os seres humanos e toda a criação. A conversão ecológica é vista como um caminho para superar a crise socioambiental, inspirada na espiritualidade cristã e na união de fiéis e não fiéis em prol da Casa Comum.
O Papa Francisco chama atenção para a necessidade de superar obstáculos, como políticas públicas ineficazes e o paradigma tecnocrático, para enfrentar as mudanças climáticas de maneira integrada. A conversão ecológica inclui a revisão de nossas relações com os animais, a preservação dos biomas e a adoção de padrões de alimentação sustentáveis.
A abordagem proposta envolve ações pequenas e mudanças estruturais nos âmbitos político, econômico e ético. O Papa Francisco promove alternativas como a Economia de Francisco e Clara e o Pacto Educativo Global para enfrentar a crise socioambiental. A Campanha da Fraternidade de 2025 e o Jubileu dos 2025 anos da Encarnação do Verbo são momentos para renovar a esperança e o compromisso com uma Ecologia Integral.

Resumindo: Somos chamados a acolher tudo como dom, a reconhecer com gratidão a generosidade de Deus para conosco, a louvar o Criador e cuidar da criação. Em nossa realidade brasileira, temos a graça de contar com a fertilidade da terra, a abundância das águas, a diversidade da fauna e da flora e a pluralidade de povos e culturas;
• Vivemos uma crise que envolve tanto avida social como o meio ambiente. Ela tem raízes históricas. As comunidades tradicionais são as que mais sofrem com essa crise, mas também são as que mais têm a nos ensinar. Há que se lembrar que existem importantes acordos internacionais que precisam ser cumpridos. 0 mesmo acontece com a legislação nacional e com as políticas públicas que podem e devem avançar ainda mais;
• Eventos e mudanças climáticas são uma realidade a ser enfrentada com seriedade. Uma autêntica educação ambiental precisa ser incentivada a fim de fomentar novos hábitos e assegurar o cuidado com a Casa Comum e seus habitantes. Entretanto, existem pessoas que insistem em negara existência dessa crise, dificultando, assim, a sua superação. Devemos acreditar na força transformadora das pequenas ações cotidianas;
• Diante do visível aumento da proliferação de doenças e da exploração que gera escassez de recursos, o modelo econômico-social que valoriza apenas a técnica e o lucro se revela cruel e excludente. A Ecologia Integral nos convida a olhar de forma nova para o meio ambiente, para o ser humano e para Deus Criador e a viver relações justas com o outro, conosco mesmos e com Ele;
• Também nesse campo, a Igreja possui uma postura profética. Recorda-nos que o ambiente não é um simples recurso, mas sim a nossa Casa Comum. De modo que não há como separar as questões ambientais, sociais e antropológicas da fé que professamos. Por isso, o Papa Francisco nos alerta quanto ao risco de cairmos no pecado ecológico, que são ações ou omissões contra Deus, contra o próximo e contra o meio ambiente, Pecado que fere a vida;
O mundo muitas vezes parece distante do ideal que acreditamos que Deus sonhou para nós, com injustiças, sofrimentos e desigualdades. Os ensinamentos religiosos, as Escrituras e a fé nos orientam a crer em um mundo de paz, harmonia e amor, onde todos vivem com dignidade e respeito. Nossa missão é trabalhar para aproximar essa visão da realidade, promovendo ações que contribuam para um mundo melhor. Podemos buscar inspiração na fé e nos valores que acreditamos para agir de maneira positiva e transformadora. Pequenos gestos de bondade, justiça e cuidado com o próximo podem fazer uma grande diferença.
A Campanha da Fraternidade, vivida durante a Quaresma, nos chama à conversão, especialmente uma conversão ecológica que transforme nosso modo de ser, pensar e agir, como indivíduos e comunidades de fé. Em 2025, o Ano Jubilar tem como tema "Peregrinos de Esperança". Neste Jubileu, somos convidados a nos colocar no caminho da conversão, como "Peregrinos da Esperança", confiando que, ao seguir Jesus Cristo, somos capazes de transformar a realidade e reproduzir gestos fraternos e solidários em defesa da Casa Comum.

1º) O que está acontecendo com a nossa Casa Comum: Este precioso documento é apresentado e comentado por especialistas de diversas áreas do conhecimento e de diferentes tradições religiosas. Laudato Si’ é uma declaração de amor pelo planeta terra e um compreensivo tratado sobre os mais variados temas que envolvem o cuidado de nossa Casa Comum.
2º Video: O mundo que eu quis: É uma canção bela e instigante. A letra reflete a disparidade entre o mundo como ele é e o mundo como deveria ser, segundo a visão do compositor. A letra expressa um profundo desejo por um mundo sem guerras, injustiças e sofrimentos. A música enfatiza temas de amor, justiça e paz, e clama por um mundo onde as pessoas vivam em harmonia e felicidade.
3º Entrevista: Entre os dias 6 a 25 de outubro de 2019, participei do Sínodo para o Amazonas, que aconteceu em Roma. Clique aqui entrevista e leia a entrevista que dei para o Jornal "VERBO" a Diocese de Jundiaí–SP, sobre a minha participação no Sínodo.
Procure responder a essas perguntas e, em seguida, compartilhe seus sentimentos e descobertas no grupo. Sua participação é muito importante para nós,

1- O que significa para você "Deus viu que tudo era muito bom" (Gn 1,31)?
2- Como a educação ambiental pode contribuir para o cuidado com a Casa Comum e seus habitantes?
3- O que você acha sobre pessoas e governos que negam a existência da crise ambiental?
4- Você acredita que a Igreja fez uma escolha acertada ao selecionar o tema da Ecologia Integral para ser refletido durante a Quaresma?"
5- A música 'mundo que eu quis' te fez refletir sobre seu próprio papel na construção de um mundo melhor? Como?
6- Qual é a postura da Igreja sobre o meio ambiente e como ela nos ensina a cuidar da Casa Comum?
7- Tem algo a dizer sobre o conteúdo desta página? Escreva nos comentários!